Como surgiu Café com Leite Crente?

Café com Leite Crente surgiu dos sonhos de Adriana Chalela (A Razão da Esperança), Regina Farias (Bora Ler) e João Carlos (Pastor João e a Igreja Invisível). Três amigos virtuais e irmãos em Cristo, separados por milhares de quilômetros mas que compartilham da mesma visão do Reino de Deus, Reino este que começa aqui na Terra e continuará por toda a Eternidade. Devido às nossas afinidades, decidimos unir nossos esforços para mostrar que é possível sermos 100% cristãos, mas com os pés 100% no chão, vivendo uma espiritualidade madura e responsável sem perder o amor pela vida que fomos graciosamente presenteados por nosso amoroso Pai.

Só que a família cresceu! Pelo Caminho conhecemos mais três irmãos maravilhosos, com a mesma visão do Reino: René Burkhardt (Nem de Paulo nem de Apolo: de Cristo!), Cláudio Nunes Horácio (Susto de Amor) e o "atrasildo" do Wendel Bernardes (Cinema Com Graça), que agora fazem parte desta gangue...


terça-feira, 30 de agosto de 2011

Arquitetura curiosa mundo afora...


Complexo residencial do Edificio Mirado, em Madri, Espanha





Casa distorcida, na Polônia



A maior casa de madeira do mundo. Arkhangelsk, Rússia, demolida em 2009.




Biblioteca em Nice, França




Biblioteca pública em Kansas City, EUA




Casa Batlló, desenhada por Antonio Gaudi em Barcelona, Espanha




Casa de Pedra em Portugal



Casa de ponta-cabeça, na Polônia








Casas cúbicas em Roterdã, Holanda



terça-feira, 23 de agosto de 2011

O Lixo




- Bom dia.

- Bom dia.

- A senhora é do 610.

- E o senhor do 612.

- Eu ainda não lhe conhecia pessoalmente...

- Pois é ... - Desculpe a minha indiscrição, mas tenho visto o seu lixo ...

- O meu quê?

- O seu lixo.

- Ah...

- Reparei que nunca é muito. Sua família deve ser pequena.

- Na verdade sou só eu.

- Humm. Notei também que o senhor usa muito comida em lata.

- É que eu tenho que fazer minha própria comida. E como não sei cozinhar .

- Entendo.

- A senhora também .

- Me chama de você.

- Você também perdoe a minha indiscrição, mas tenho visto alguns restos de comida em seu lixo. Champignons, coisas assim.

- É que eu gosto muito de cozinhar. Fazer pratos diferentes. Mas como moro sozinha, às vezes sobra.

- A senhora... Você não tem família?

- Tenho, mas não aqui.

- No Espírito Santo.

- Como é que você sabe?

- Vejo uns envelopes no seu lixo. Do Espírito Santo.

- É. Mamãe escreve todas as semanas.

- Ela é professora?

- Isso é incrível! Como você adivinhou?

- Pela letra no envelope. Achei que era letra de professora.

- O senhor não recebe muitas cartas. A julgar pelo seu lixo.

- Pois é ...

- No outro dia, tinha um envelope de telegrama amassado.

- É.

- Más notícias?

- Meu pai. Morreu.

- Sinto muito.

- Ele já estava bem velhinho. Lá no Sul. Há tempos não nos víamos.

- Foi por isso que você recomeçou a fumar?

- Como é que você sabe?

- De um dia para o outro começaram a aparecer carteiras de cigarro amassadas no seu lixo.

- É verdade. Mas consegui parar outra vez.

- Eu, graças a Deus, nunca fumei.

- Eu sei, mas tenho visto uns vidrinhos de comprimidos no seu lixo...

- Tranqüilizantes. Foi uma fase. Já passou.

- Você brigou com o namorado, certo?

- Isso você também descobriu no lixo?

- Primeiro o buquê de flores, com o cartãozinho, jogado fora. Depois, muito lenço de papel.

- É, chorei bastante, mas já passou.

- Mas hoje ainda tem uns lencinhos.

- É que estou com um pouco de coriza.

- Ah.

- Vejo muita revista de palavras cruzadas no seu lixo.

- É. Sim. Bem. Eu fico muito em casa. Não saio muito. Sabe como é.

- Namorada?

- Não.

- Mas há uns dias tinha uma fotografia de mulher no seu lixo. Até bonitinha.

- Eu estava limpando umas gavetas. Coisa antiga.

- Você não rasgou a fotografia. Isso significa que, no fundo, você quer que ela volte.

- Você está analisando o meu lixo!

- Não posso negar que o seu lixo me interessou.

- Engraçado. Quando examinei o seu lixo,decidi que gostaria de conhecê-la . Acho que foi a poesia.

- Não! Você viu meus poemas?

- Vi e gostei muito.

- Mas são muito ruins!

- Se você achasse eles ruins mesmos, teria rasgado. Eles só estavam dobrados.

- Se eu soubesse que você ia ler ...

- Só não fiquei com ele porque, afinal, estaria roubando. Se bem que, não sei: o lixo da pessoa ainda é propriedade dela?

- Acho que não. Lixo é domínio público.

- Você tem razão. Através dos lixo, o particular se torna público. O que sobra da nossa vida privada se integra com a sobra dos
outros. O lixo é comunitário. É a nossa parte mais social. Será isso?

- Bom, aí você já está indo fundo demais no lixo. Acho que...

- Ontem, no seu lixo.

- O quê?

- Me enganei, ou eram cascas de camarão?

- Acertou. Comprei uns camarões graúdos e descasquei.

- Eu adoro camarão.

- Descasquei, mas ainda não comi. Quem sabe a gente pode... Jantar juntos?

- É. Não quero dar trabalho.

- Trabalho nenhum.

- Vai sujar a sua cozinha.

- Nada. Num instante se limpa tudo e põe os restos fora.

- No seu lixo ou no meu?

Luis Fernando Veríssimo

Pecado é pecado...


Uma curtinha pra relaxar...

Um paulista, trabalhando pesado, suado, terno e gravata, vê um baiano deitado numa rede, na maior folga.

O paulista não resiste e diz:

-Você sabia que a preguiça é um dos sete pecados capitais?

E o baiano, sem se mexer, responde:

- Ó xente!!! E a inveja é o quê?!

domingo, 21 de agosto de 2011

Dramas femininos



 Courtney Cox, a Mônica de "Friends".




Todo ano a mesma peregrinação: mastologista, ginecologista,
oftalmologista, dentista.
Um dia resolvi incluir um "ISTA" novo na minha odisséia: um  DERMATOLOGISTA.

Já era hora de procurar uns creminhos mágicos para tentar retardar ao máximo  as marcas da inevitável entrada nos ENTA.
Na verdade, sentia-me espetacular. Tudo certo.
Ninguém podia cantar para mim a ridícula frase da
Calcanhoto 'nada ficou no lugar’.

Mas não sei o que deu no espelho lá de casa, que resolveu, do dia para a noite, tomar ares de conto de fadas. Aliás, de bruxas. E mostrar coisinhas que nunca haviam aparecido. Ou eu não havia notado.

Pontinhos azuis nos tornozelos, pintinhas negras no colo, nos
braços, bolinhas vermelhas na bunda, olheiras mais profundas...
Mas assim? Sem avisar nem nada?
De repente, o idiota resolveu mostrar e pronto?!
Ah, não! Isso não vai ficar assim.
Um "ista" novo na lista do convênio. O melhor.
Queria o melhor especialista de todos os "istas"!
Achei. Marquei. E fui tão nervosa quanto para um encontro 'bem
intencionado' daqueles em que a gente escolhe a roupa íntima
com cuidado que é para não fazer feio nem parecer que foi uma escolha proposital. Sabe como é, né?


Pois sim. O sujeito era um dermatologista famoso. Via e cutucava a pele de toda a nata feminina e masculina da cidade.
Assim, me armei de humildade.
Disposta a mostrar cada defeitinho novo que estava observando,
através do maquiavélico e ex-amigo espelho de meu quarto.


Depois de fazer uma ficha com meus dados, o 'doutor' me olhou
finalmente nos olhos, e perguntou: 
- O que lhe trouxe aqui?
Fiquei vermelha como um tomate. E muda.
Ele sorriu e esperou.
Quase de olhos fechados, desfiei minhas queixas.
Ele observou 'in loco' cada uma delas, com uma luz de 200wtz e uma lupa.


E começou o seu diagnóstico.
- As pintinhas são sinais do sol, por todo o sol que já tomou na
vida. Com a IDADE (tóin!) elas vão aparecendo, cada vez mais
numerosas. Vai precisar de um protetor solar para sair de casa pela manhã, mesmo sem ir à praia. Para dirigir, inclusive. Braços, pernas, rosto e pescoço.
- E praia?
- Evite. Só de 6 às 10 da manhã, sob proteção máxima,
guarda sol, óculos e chapéu. Bronzear-se, nunca mais.
- Ahmmm... (a turma só chega às 11:00!)
- Os pontinhos azuis são pequenos vasos que não suportam a pressão do corpo sobre saltos altos.Evite. Use sapatos com solado anabela ou baixos, de preferência. Compre uma meia elástica, Kendall, para quando tiver que usar saltos altos.
-Ahmmmaaaa... (Kendall?! Anabela?! E as minhas preciosas sandalinhas?!)
- As bolinhas na bunda são normais, por causa do calor. Para
evitá-las use mais saias que calças. Evite o jeans e as calcinhas
de lycra. As de algodão puro são as melhores. E folgadas.
-Ahmnunght?! (E pude 'ver' as de minha mãe, enormes na cintura, de florzinhas cor de rosa. Vou chorar!).
- As olheiras são de família. Não há muito que fazer. Use esse
creminho à noite, antes de dormir e procure não dormir tarde.
Alimentação leve, com muita fruta e verdura, pouca carne e muito peixe. Nada de tabaco, nem álcool. Nem café.

E então,   a histérica aqui­, começou a rir. 
Agradeci, peguei suas receitinhas e saí­ rindo, rindo, me dobrando, de tanto rir!
No carro, comecei a falar sozinha.
Tudo o que deveria ter dito e não disse:

- Trabalho muito, doutor. Muitas noites vou dormir às 2h da manhã, escrevendo e lendo. Bebo e fumo. Tomo café. Saio pelas noites de boemia com os amigos e seus violões para as serenatas de lua cheia. E que noites!

Adoro os saltos, principalmente nas sandálias fininhas. Impossível a meia  elástica (argh!!). Calcinhas de algodão? E folgadas? Adoro as justinhas e rendadas. E não abandono meu jeans nem sob ameaça de morte! É meu melhor amigo!

Dormir lambuzada? Neste calor? E minhas duchas frias com sabonete Johnson para ficar fresquinha como um bebê a cada noite?

E nada de praia? Como assim? O senhor está louco é? Endoideceu de vez, foi? Alô, eu moro em Recife, com esse mar e tudo. E tenho só 40 anos. Meia vida inteira pela frente!

Olha aqui, Doutor Filistreco, na minha idade não vou viver como se tivesse feito trinta anos em um. Até um dia desses tinha 39 e agora em vez de 40 estou fazendo 70?

Inclua aí na sua lista de remédios para as de 40 a 60, MEIA LUZ. Acho que é só disso que eu preciso. Um bom abajur com uma luz de 15wts. E um namorado que use óculos. É isso. Só isso! Entendeu?

Parei no sinal, olhei de lado e um cara de uns 25 anos piscou o olho para mim. Ah, e ele nem usava óculos!

Nunca fiz o que me recomendou o filistreco ISTA. Minhas olheiras são parte de meu charme e valem o que faço pelas noites a dentro. Ah, se valem!

As bolinhas da bunda desapareceram com uma solução caseira de vitamina A, que quase todas as mulheres usavam e eu não sabia, até que contei minha historinha do 'bruxo mau'. Os sinaizinhos estão aqui, sem grandes alardes, e até que já acho bonitinho. O espelho é muito menor. O outro, eu dei a minha filha.

E meu namorado diz que estou cada dia mais linda! Principalmente quando estou de saltos e rendas, disposta a encarar uma noite de vinhos e música. É claro que ele usa óculos. Mas quando quero ficar fatal, tiro os seus óculos e acendo o abajur.



 (Recebi por e-mail, não sei nome de autora)

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

As Crônicas de Um Simples Menino.



Ele corria nas campinas. Estava acostumado ao vento no rosto enquanto fingia voar como os pássaros.
Costumava imitar o som dos bichos, ficava horas deitado na grama ocre ouvindo cada som, e depois, os representava com maestria.

Sua família era grande, era o mais moço de muitos irmãos. Eles estavam envolvidos com guerras e coisas assim. Ele, por enquanto, só queria correr pelo mato, sentindo o vento quente das montanhas do interior, saltar como gamos, urrar como ursos, exercitar os músculos ainda franzinos, como os leões.

Papai achou que era hora de dar-lhe oportunidade de mostrar algum valor. Pensou que olhar os bichos selvagens não era boa ocupação. Vasculhou a velha cachola buscando algo que não fosse ademais austero pra menino tão afoito, tão topetudo. Pensou nas ovelhinhas do quintal.

Quando o chamou, estava com cheiro de relva misturado a terra molhada. Papai sabia que deveria confiar nele, quem sabe um dia seria alguém! Trazia nas mãos algo que papai não identificou de cara, parecia uma harpa, coisa assim, mas não era das harpas que se tocava na tenda congregacional, era mais pra algo feito a mão... se bobear, o pequeno menino ruivo era quem tinha feito o simples instrumento.

Papai perdeu minutos elaborando na mente, como ele poderia ter criado algo acerca de musica, coisa que ninguém da família dominava.
As rugas de preocupação deram lugar a um sorriso discreto num rosto desacostumado a alegrias naturais. Ainda assim lhe falou sobre seus planos com as ovelhas.
Ele, quando soube que ganhara uma função na família ficou feliz, ainda mais quando descobriu que essa função seria cuidar das poucas ovelhinhas do papai.

Foi dormir mais cedo ainda que o de costume pra pegar bem cedinho na lida com as tão amadas ovelhas.
Ainda corria nas campinas, ainda imitava os animais, mas desta feita fazia também o som dos berros das pequenas e poucas ovelhas do papai. E agora, os grunhidos, assobios e urros eram embalados pelo som do instrumento singular que trazia a tiracolo.

Ali começou a cantar, e percebeu que sua voz era bela, firme, porém ainda aguda por conta de sua pouca idade.
Ficara tão feliz com as musicas que lhe saíam dos dedos e da boca que decidiu escrevê-las na mente. Repetiu incansavelmente cada verso, cada frase.
Era uma canção de louvor, e falava dos feitos dum Ser maior, que o amava e o compreendia como menino e como servo.
Também não poderia ser outra canção senão louvor, sua vida tão dedicada e livre não poderia gerar outra coisa senão lindos louvores ao Criador das campinas, dos vales, das ovelhas e dos ursos.

Falando em urso tenho que contar uma coisa louca que lhe aconteceu.
Estava perto da campina que fica ao lado do ribeirão quando as ovelhas, já mais fortinhas e sadias, começaram a se agitar.
Quando fitou seus olhos de menino ao longo, logo percebeu figura negra e imensa, vindo na direção de seu pequeno rebanho.

Uma força louca lhe inundou o corpinho adolescente numa explosão de fúria misturada a compaixão pelas ovelhas. Medo? Nem teve tempo de pensar em medo! Correu como louco em direção ao urso!
Que estou fazendo? Pensou numa fração de segundo! Só foi notar a sandice que estava pra cometer quando já estava saltando na frente do urso.

Sentiu uma dor lancinante em suas costas, e algo quente e espesso corria por entre as costelas. Havia sido atingido pelas garras do grande urso negro! Soltou um urro que ao urso espantou! A dor que o garoto sentira era a maior já sentida por ele, talvez a maior já sentida por alguém de sua idade!

Olhou nos olhos da fera louca enquanto seus olhos agora vermelhos de fúria e dor mediam seu inimigo de cabo a rabo. Ao olhar ao lado viu apenas uma pedra; tinha no máximo uns dois ou três centímetros. Ela seria a arma que lhe salvaria a vida e pouparia a das ovelhas.

Eram apenas uns segundos que separavam a sua morte da idéia transloucada que teve. Tomou a corda que lhe atravessava o corpo onde prendia sua harpa e num gesto de pura iniciativa colocou a pedrinha num ponto certo, dirigido certamente pelo Ser maior, enquanto circulou vorazmente umas dez vezes até soltá-la certeiramente no olho direito da fera.

Depois de urro ainda maior que o que ele mesmo soltara segundos antes, a fera ergueu-se da própria altura e fez sua sombra cobrir seus cabelos ruivos. Tombou morto com a violência da pedrinha que o pastorzinho atirara!

Uau!
Não havia nenhuma outra palavra que poderia proferir!
-Céus, matei um urso, nem posso imaginar!

Juntou as poucas, porém amadas ovelhas assustadas no abrigo e foi direto até papai para lhe contar a novidade. O velho patriarca ouvia a vociferação surtada do pequeno e só lhe acreditou, pois vira a ferida profunda e sangrada nas costas do próprio filho.

Curou-lhe as feridas com ungüento caseiro de pastas de figos (até os reis um dia usariam essa receita) e enquanto brigara com o filho para manter-lhe em casa até que as feridas sarassem sentiu o Deus Criador lhe falar algo nos ouvidos.

O velho deu um sorriso, agora mais confiante. Quando se virou, viu que a janela estava escancarada e ao longo o vulto daquele lindo menino que gerara correr quase sem dificuldades, mesmo ferido, enquanto saltava e tocava sua harpa caseira.

O velho, a quem a tradição chama de Jessé, pôs se de pé, enquanto via seu pequeno sumir no horizonte.
Sua mente vagava ao som duma velha canção que falava dos feitos do Senhor Criador dos céus e da Terra, essa canção reverberava em sua alma e lhe dava ciência que Ele tem planos, e seu pequeno estava no centro deles.

Sabia que nada seria fácil, mas tinha certeza de que o Deus que ele servia um dia seria conhecido não como Deus de Jessé, mas como Deus de ... Davi!

Wendel Bernardes.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Tetélestai - está consumado!

Queridos manos:
Peço perdão por minha ausência, mas meu livro consumiu grande parte do meu tempo e energia. 
Deixo aqui o link para quem quiser baixá-lo para ler. É gratuito!
Este livro é um presente aos amados irmãos, nos faz refletir sobre conceitos pedrados e quase nunca questionados.
Espero que reflitam. Sei que ninguém concorda com ninguém 100% e que todos concordamos unicamente com JESUS 100%.
Fica aí o meu presente a todos que são dEle.
Nele que nos une.
Cláudio Nunes Horácio
OBS: Para baixá-lo basta clicar na capa do livro. 

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Textos Sagrados


Luís Fernando Veríssimo

Aquele pastor americano que previu o fim do mundo para o dia 12 de maio deste ano disse que tinha se baseado em mensagens cifradas da Bíblia para precisar a data. O mundo não acabou, como você deve ter notado, mas isso não impedirá que continue a busca por presságios e sinais escatológicos em textos religiosos, não só na Bíblia como no Corão, no Torá e no Livro dos Mórmons. Continuarão procurando no lugar errado.


Todos os escritos religiosos são narrativas. Narram o deslocamento no tempo e no espaço de um líder, de um salvador, de um povo escolhido. Cristo, Maomé e Abraão são figuras literárias antes de serem outra coisa. Todas as religiões monoteístas compartilham esta qualidade, ou esta inevitabilidade, de literatura, pois só na palavra grafada a aventura sobre a Terra do herói de cada uma se realiza, como só a palavra grafada eternizou a poesia oral de Homero. O texto sagrado é sagrado menos por conter verdades reveladas do que por ser texto, com toda a reverência que a palavra escrita comanda. Mas a literatura não é confiável quando se trata de revelações específicas como o dia, o mês e o ano do fim do mundo.


Jesus Cristo não confiava na palavra escrita. Em todo o Novo Testamento há apenas uma referência a algo escrito por ele (evangelho de João, 8:1-8). Questionado pelos fariseus se uma mulher apanhada em adultério deveria ser apedrejada, Jesus, antes de dizer que quem fosse sem pecado atirasse a primeira pedra, inclinou-se e escreveu com o dedo na terra. Não se sabe o que escreveu, nem em que língua. Há mesmo dúvidas sobre se ele sabia ler e escrever. Talvez apenas fingisse rabiscar na areia enquanto pensava na resposta. Todas as suas mensagens foram em forma de parábolas orais, e suas parábolas foram lições de vida a serem interpretadas, não agouros a serem decifrados. E nenhuma de suas parábolas preconiza que ele será herói ou mártir da narrativa cristã.


Quem também nunca escreveu nada foi Sócrates – o outro pivô, segundo George Steiner, da história intelectual do Ocidente. Que se saiba, Sócrates não escreveu nem com o dedo na terra. O que sabemos dele foi o que Platão publicou. Platão foi para Sócrates o que Paulo de Tarso foi para Jesus, seu exegeta e propagador, com a diferença que Platão foi contemporâneo e discípulo de Sócrates enquanto Paulo de Tarso nunca viu Jesus Cristo. Platão, na sua escrita, se afastou do pensamento do seu mestre. Paulo de Tarso, na sua escrita, transformou um pregador num messias – o que não deixou de ser outra forma de infidelidade.


No fim prevaleceu a literatura. Em todas as religiões monoteístas, os textos impuseram os dogmas, e a palavra grafada se sobrepôs ao espirito e à oralidade. Mas os mitos transcritos de Sócrates e os sermões espontâneos do Cristo, ou tudo que os dois nunca escreveram, talvez nos ensinem que a literatura é sempre uma falsificação, e que a escrita não garante nada. Nem profecias.



sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Sangue novo



A Escrituras Editora tem o prazer de lançar o livro Sangue Novo: 21 Poetas Baianos do Século XXI, organizado pelo poeta José Inácio Vieira de Melo.
O lançamento aconteceu na LDM Livraria Multicampi, na Rua Direita da Piedade, em Salvador, no dia 23 de julho (sábado).
Nesta coletânea, foram selecionados 21 poetas nascidos a partir de 1980, baianos ou radicados na Bahia. Dez residem em Salvador: Alexandre Coutinho, André Guerra, Bernardo Almeida, Fabrício de Queiroz Venâncio, Gabriela Lopes,Gibran Sousa, Priscila Fernandes, Saulo Moreira, Vânia Melo e Vanny Araújo. Caio Rudá Oliveira, Georgio Rios e Ricardo Thadeu são de Riachão do Jacuípe. Clarissa Macedo e Lidiane Nunes residem em Feira de Santana. Edson Oliveira e Érica Azevedo moram em Santo Estevão. Gildeone dos Santos Oliveira é de Retirolândia. Janara Soares é de Barreiras. Vitor Nascimento Sá é de Maracás. Daniel Farias reside na cidade de São Paulo.
A coletânea conta com a apresentação do escritor e ensaísta Mayrant Gallo, que afirma “Cada poeta se aferra ao seu método de criação e à sua técnica, baseados ambos em suas escolhas pessoais, mas, em geral, o objetivo é o mesmo: acender uma luz no nevoeiro e ascender da obscuridade para a vitrine das relações com o mundo”.
Nas palavras de José Inácio “Sangue Novo muito tem do sangue poético que ora circula pela Bahia e pelos brasis, assim como do velho e bom sangue dos mestres do século XX, que deixaram uma obra que quanto mais o tempo passa, mais se pereniza”. A maior parte destes jovens poetas não tem livro publicado, divulgam seus versos em blogs. São poetas cheios de potencialidades, interessados em se organizar, em promover debates e em mostrar suas produções.
José Inácio Vieira de Melo é poeta, jornalista e produtor cultural. Tem cinco livros de poemas publicados, sendo Roseiral (Escrituras Editora, 2010) o mais recente. Já organizou outras importantes antologias, como é o caso de Concerto lírico a quinze vozes – Uma coletânea de novos poetas da Bahia (Aboio Livre Edições, 2004) e a agenda Retratos Poéticos do Brasil 2010 (Escrituras Editora, 2009). Coordenador e curador de vários eventos literários, como o Porto da Poesia, na VII Bienal do Livro da Bahia (2005) e a Praça de Cordel e Poesia, na 9ª Bienal do Livro da Bahia (2009).
Durante o lançamento irá acontecer um recital com poemas dos 21 poetas do Sangue Novo, recitados por alguns dos integrantes.

Livro: Sangue Novo: 21 Poetas Baianos do Século XXI
Organizador: José Inácio Vieira de Melo 
Apresentador: Mayrant Gallo
Ilustrador: Fernando Aguiar
Autores: Alexandre Coutinho, André Guerra, Bernardo Almeida, Caio Rudá Oliveira, Clarissa Macedo, Daniel Farias, Edson Oliveira, Érica AzevedoFabrício de Queiroz Venâncio, Gabriela Lopes, Georgio Rios, Gibran Sousa, Gildeone dos Santos Oliveira, Janara Soares, Lidiane Nunes, Priscila Fernandes, Ricardo Thadeu, Saulo Moreira, Vânia Melo, Vanny Andrade e Vitor Nascimento Sá.
Editora: Escrituras Editora
Páginas: 248
Preço: 
R$ 30,00

Extraído DAQUI

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Agora pedem pra eu me comportar?



- Tarzan corria pelado...

- Cinderela chegava em casa meia noite...

- Aladim era ladrão...

- Batman dirigia a 320 km/h...

- Pinocchio mentia...

- Bela Adormecida era uma preguiçosa...

- Salsicha (Scooby-Do) tinha voz de maconheiro, via fantasma e conversava com o cachorro...

- Zé Colméia e Catatau eram cleptomaníacos e roubavam cestas de pic-nic...

- Branca de Neve morava na boa com 7 homens (pequenos)...

- Olívia Palito tinha bulimia;

- Popeye fumava um matinho suspeito!!!

- Pac Man corria em uma sala escura com musica eletrônica comendo pílulas que o deixam ligadão;

- Super Homem locão, colocava cueca por cima da calça;

- Margarida namorava o Pato Donald e saía com o Gastão;

Olha os exemplos que eu tive! Tarde demais!

Agora pedem pra eu me comportar?!?!?! Esqueçam!!

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

A história de Alonso, o incompreendido.


Num mundo tão diversificado, com grandes possibilidades e realidades, encontramos todo tipo de gente. Uma dessas ‘gentes’ é o Alonso.
Sempre se sentiu “o cara”. Era “o cara” no futebol e por isso os moleques da rua nunca o chamavam pra jogar pelada no campinho.
Era “o cara” entre as cocotas, por isso seus amigos sempre saíam sem convidá-lo pros agitos da juventude, afinal se ele fosse, pensava, não sobraria cocota sobre cocota!

Conheceu uma professorinha, moradora da zona rural de uma grande metrópole. Era moça simples, acanhada – tímida mesmo – porém jeitosa e formosinha à vista! Com a lábia que cria possuir, Alonso o garanhão do pedaço, adiantou-se na conquista. E não é que levou mesmo?
Será que conseguiu porque a professorinha era do interior e não conhecer as maldades da cidade, ou Alonso conseguira mesmo uma lábia pra ganhar as meninas de verdade? Ninguém sabe dizer, mas até hoje se perguntam todos.

Ficaram juntos uns oito anos. A professorinha era moça acostumada com vida dura, talvez por isso tenha havido tanta durabilidade na relação com esse cara. Mas vivia num inferno! Alonso era um cara chato. A última palavra sempre tinha que ser a dele, coisa característica de gente que não manda nem em treino de time de futebol de botão!

Nasceram lhes dois belos meninos, puxaram a mãe, é claro! Alonso tinha aquele jeito de neanderthal misturado com cara de tratante de filme dos anos cinquenta, desses 171 que permeavam as cidades grandes daquela época, e dessa também!
A professorinha não poderia aguentar mais tempo que isso, mandou Alonso pro sexto dos infernos, porque os quintos, como se diz, já estava lotado. Ele não queria descuidar, afinal, aquela ‘oferenda mal arriada’ não poderia voltar pra sua porta. Vai de retro!

Acha que isto o fez refletir seus gestos? Claro que não! O negócio é curtir a nova vida de solteiro, oras!
Procurou pela velha galera do futebol e pela turma das baladas com as cocotas e não encontrou ninguém. Bom, na verdade encontrou a todos, mas não estavam mais ‘disponíveis’. Todos estavam fazendo coisas realmente importantes tipo; faculdade,  emprego, casamento, especialização na carreira. Que gente chata!

Decidiu viver sua segunda adolescência com 35 anos, que são, segundo ele, os novos 17,5! Namorou, terminou. Morou junto, separou...  trabalhou, encheu o saco do trampo. Comprou carro tunado, vendeu... Foi pra academia, queria ficar sarado, quem sabe aparentar uns 10, 15 anos a menos, ou tantos quantos anos pudesse sugerir!

Mas cansou da segunda adolescência. Decidiu amadurecer também um pouco tardiamente. E o que mais deixaria alguém com cara de maduro senão uma boa religiãozinha. Não passava nem perto da igreja romana, aquela liturgia lembrava muito da professorinha que era bem carola... Ah, não!

Frequentou religiões afrobrasileiras, mas o ‘santo’ não baixava em sua presença. O pai de santo pediu que tão urucada figura caçasse seu rumo, quem sabe no budismo taoísta, no Jorei Center, ou quem sabe uma igreja crente...

Ele não sabia o que era Jorei e acha essa história de budismo e contemplação coisa pra monge dormir... Então só restava a igreja crente.

Passou na porta da Igreja Mundial Universal das Galáxias do Reino de Zeus e decidiu não ficar muito por lá afinal, se eles quisessem fazer um exorcismo não iria dar certo ao exemplo do que aconteceu no centro espírita.

Foi presbiteriano, mas não conseguiu entender esse tal Calvino. Não foi luterano, pois Lutero era por demais revolucionário!  Na assembléia tinha gente que gritava demais e ele não poderia aceitar alguém que gritasse mais que ele!

Difícil essa vida de chatinho, né?

Então se encontrou quando num bar, foi convidado a dar um pulinho na igreja da esquina... Perguntou pro mocinho que lhe evangelizou; “nessa Escola Dominical desce fogo?” o rapaz pensou que o bebum tava zonado com a cara dele, mas foi gentil, como os crentes tem que ser!

E ele foi.
Na aula, fazia diversos comentários que possuíam sempre uma conotação mais coloridinha da verdade. Queria participar do louvor mesmo sem tocar nenhum instrumento ou cantar. Deve ter imaginado que cantar na igreja era dar uma idéia nas irmãzinhas do coral protestante!
Ele explicou que de tantas vezes que ouvira sua musa inspiradora Ana Carla Faladão, poderia ‘ministrar’ em qualquer lugar.

Não passou no teste, mas ficava lá atrás cantando mais alto que os vocalistas pra mostrar seu vozeirão de Pavarotti semitonado.
Ao final do louvor dava notas; hoje foi 5... repetiram muito o refrão e não gostei daquela versão do hino que cantaram.
Um dia chegou azedo e disse assim pro líder do louvor: “Cara, seu louvor é sofrível!” o rapaz engoliu a seco e passou batido.

Foi assediado por uma solteirona, duas viúvas, e um seminarista meio estranho. Rejeitou a todos, ninguém estava no seu altíssimo padrão de mulher (e de homem).

Cansou daquilo também, decidiu seguir seu caminho sozinho, ninguém poderia lhe entender mesmo!
Sua ex, seus filhos, seus amigos, patrões, irmãos na fé... Nem Jesus! Ninguém poderia vislumbrá-lo direito. Era muito complexo, um universo inteiro num corpinho de quase quarenta com cara de trinta e nove e meio...

Quer saber? Antes só que mal acompanhado, disse isso enquanto passou no shopping pra comprar umas roupinhas estilo meio colorê...(uiiiii...)
Renovou seu guarda roupas, seu estoque de chiclete Tridents, comprou umas calças laranja fluorescentes (dois números abaixo) e foi viver sua “terceira segunda infância” pois os 40 são os novos 18!
Vai arrasa, ném!

Wendel Bernardes