Hoje eu li uma excelente cronica do escritor Ivan Ângelo .
Somos contemporâneos de avanços na medicina, uma mudança na geopolítica e quem sabe veremos uma guerra.
Mas o que me tem incomodado nos últimos dez anos é a escravidão.
Ela é nossa contemporânea.
Hoje em uma certa sala de espera ouvi uma frase, também intrigante: "Ele vai rodar, rodar e vai cair nos meus pés, e ai vai me pagar por tudo que fez!!".
Neste dialogo uma moça descrevia para mãe todo o seu plano de vingança contra um ex. Ao que a mãe respondeu: "Isto mesmo, faça com ele o que eu não tive coragem de fazer com seu pai".
Parece novela mexicana de gosto duvidoso, mas nada mais é do que um exemplo de escravidão, mini inferninhos particulares que construímos e ainda chamamos de vida.
Meus contemporâneos estão escravos do ódio, da vingança, dos desejos inconscientes expressos em surtos de consumo desenfreado. Mulheres inteligentes, bem postas, independentes, são reféns de seus tesões, que quando aflorados pela simples visão do objeto de desejo, parecem ter desligada a razão, o bom senso, e as memórias das vivências de suas decepções não lhe trazem qualquer aprendizado.
Homens escravos de seus deveres, presos a persona do macho supridor, que entram em total "parafuso" quando o nível de qualidade de vida por eles proporcionados abaixa um pouquinho.
A quantidade de homens desenvolvendo transtornos emocionais e psiquiatricos típicos de mulheres, é alarmante.
Pensadores que não largam de suas ideias e premissas, nem sequer para dar uma olhadela na "janela" para ver o que há de novo no mundo.
Crentes em toda sorte de fé, que se fecham em seus quadradinhos seguros e chamam tal postura de fidelidade a Deus, outros mais radicais chamam de santidade.
Os sofofóbicos (aprendi com o Zé ) se multiplicam na certeza de que é preciso uma redoma que proteja sua fé, senão sabe lá o que pode acontecer. A coluna que alicerça sua fé é tão frágil que qualquer leitura mas subversiva fará estrago. O sofofóbico evangélico de hoje pode ser o "desviado" de amanhã.
Com tudo isso penso então,
Qual será meu algoz intrínseco?
Quais são as correntes que me prendem?
Sou sua contemporânea, certo? Qual o símbolo que pode traduzir minha alma? Uma caixa forte? Um bunker de certezas inabaláveis?
Vou dormir(?) com este barulho...