“Ele tem que sofrer para aprender!”
“Eu acho é pouco, ele merece!”
Definitivamente eu não acredito em afirmações como estas. Conviver com pessoas problemáticas não nos torna perfeitos. Acertar um pouco mais às vezes não significa que os nossos erros são menos importantes do que os daqueles nos quais nos comportamos como juízes.
Vejamos o exemplo de alguém que vacila feio, interferindo na vida de outros e parece não ter predisposição para mudar de postura. Não se nota iniciativa alguma de sua parte para uma mudança de comportamento. Se por acaso ele entra em uma fria, em um beco sem saída, em crise, pensamos logo que ele merece passar por tal dificuldade para que aprenda. Como castigo pelas inúmeras falhas anteriores. Consecutivos tropeços que prejudicaram a muitos, sem perspectiva de um novo curso, uma nova vida “que tomasse vergonha na cara”. Torcemos sempre para que esse indivíduo sofra um pouco também. Assim quem sabe ele aprende.
No nosso país temos outro exemplo para compararmos com esse pensamento, essa ideia. O nosso sistema prisional é tão fraco que submete o infrator recluso a certo tipo de sofrimento. É uma situação de agonia extrema. Condições precárias e subumanas. O pensamento mais fácil no momento é: ele merece! O indivíduo sai daquele lugar pior do que entrou, em sua grande maioria. Qualquer tentativa de reabilitação foi esquecida, deixada de ser aplicada no período de detenção. Recebemos de volta à sociedade pessoas com crises que, talvez, jamais se libertem.
Comparando esse exemplo com o sentimento que desenvolvemos em relação àqueles que nos magoaram, nos entristeceram, enfim, nos causaram qualquer espécie de decepção, desejamos também que tais pessoas passem por algum tipo de aperto para que obtenha o aprendizado devido.
É como tratar um mal com outro mal, esperando que dessas atitudes nasça o bem.
Engano! Mal traz mal e bem traz bem.
Daqui para frente irei amar quem for mau comigo. Irei amar quem me ferir. Ainda que essa pessoa ache que está me usando, me passando a perna, sendo tomado por um imenso cinismo, o deixarei continuar pensando assim. E o amarei ainda mais. É isso: amar.
Amar fazendo e desejando o bem ao receber o mal.
Amar sendo forte e o suportando reconhecendo como somos falhos humanamente.
Amar dando exemplo de como é bom ser diferente do mal.
Amar sendo verdadeiro.
Amar acolhendo quando seu coração for quebrantado pelo efeito concreto e mais do que certo do amor.
Amar para nos levantarmos juntos e permanecermos assim, amando, fazendo o que é bom para quem é mau, pois assim também o somos e carecemos do mesmo Amor.
(Escrito em 2008 por Léo, meu filho amado).
Negritos meus-RF
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