"Dorme o sol à flor do Chico meio-dia
Tudo esbarra embriagado de seu lume
Dorme ponte, Pernambuco, o rio, Bahia
Só vigia um ponto negro: o meu ciúme
O ciúme lançou sua flecha preta
E se viu ferido justo na garganta
Quem nem alegre, nem triste nem poeta
Entre Petrolina e Juazeiro canta.
Velho Chico vens de Minas
De onde o oculto do mistério se escondeu
Sei que o levas todo em ti
Não me ensinas
E eu sou só, eu só, eu só, eu
Juazeiro, nem te lembras dessa tarde
Petrolina, nem te chegaste a perceber
Mas, na voz que canta tudo ainda arde
Tu é perda, tudo quer buscar, cadê
Tanta gente canta, tanta gente cala
Tantas almas esticadas no curtume
Sobre toda estrada, sobre toda sala
Paira, monstruosa, a sombra do ciúme".
Pegando carona no comentário da DRI no post anterior sobre as reações com questões afetivas rss tem gente que dá tiro, atira em si mesmo, adoece, endoidece, enfim são muitas as reações com as questões afetivas. Mas o verdadeiro poeta - que a tudo transcende - consegue tirar uma pérola dessas aí lá do âmago da própria dor.
Curta...
Pra quem não sabe, "tantas almas esticadas no curtume", foi a forma poética de dizer que enquanto tocava e compunha do lado de cá do rio (Juazeiro)ele avistava do lado de lá (Petrolina) o couro dos animais estendidos no curtume.
ResponderExcluirCurtume - onde se processa o couro cru para ser utilizado na indústria e atacado.
(C.L.C. também é cultura)