Como surgiu Café com Leite Crente?

Café com Leite Crente surgiu dos sonhos de Adriana Chalela (A Razão da Esperança), Regina Farias (Bora Ler) e João Carlos (Pastor João e a Igreja Invisível). Três amigos virtuais e irmãos em Cristo, separados por milhares de quilômetros mas que compartilham da mesma visão do Reino de Deus, Reino este que começa aqui na Terra e continuará por toda a Eternidade. Devido às nossas afinidades, decidimos unir nossos esforços para mostrar que é possível sermos 100% cristãos, mas com os pés 100% no chão, vivendo uma espiritualidade madura e responsável sem perder o amor pela vida que fomos graciosamente presenteados por nosso amoroso Pai.

Só que a família cresceu! Pelo Caminho conhecemos mais três irmãos maravilhosos, com a mesma visão do Reino: René Burkhardt (Nem de Paulo nem de Apolo: de Cristo!), Cláudio Nunes Horácio (Susto de Amor) e o "atrasildo" do Wendel Bernardes (Cinema Com Graça), que agora fazem parte desta gangue...


domingo, 24 de julho de 2011

A vida de Zé – sua loucura e sua frustração.

Pra quem não sabe ou ainda não sacou, a vida é uma loucura, e como tal, deve ser sorvida com muita adrenalina. Esse era o lema de vida do cara mais louco que já conheci... o Zé.

Ele era mesmo um celeiro de contradições sagazmente entrelaçadas. Vivia numa corda bamba de emoções. Migrava do amor ao ódio mortal em questão de segundos, e depois ao amor de novo com lágrimas nos olhos, notando sua bipolaridade e inconstância.

Brigou com a vida logo cedo, quando notou que ser ‘o bonzinho’ não adiantaria nada na caminhada. Decidiu forjar seu destino na rua, dando e tomando tantas porradas quanto pudesse. Bonzinho é o cacete, agora vou ser f***!!!

Gritou em beco escuro, frequentou praias, campings, pousadas e casas de amigos na serra, interior do Estado. Amou cada garota que lhe passou os olhos, curtiu cada cara que lhe piscou e sorriu. Usou drogas, tatuou a vida nas costas, curtiu baladas, virou a noite na rua tendo por companheiro apenas cachorro que lhe acordava de manhã...
Fugiu da polícia, deu olé em bandidos, enganou gente de bem, foi sincero com quem não prestava.

Não se cansava de nada, mas não conseguia  viver uma a vida se não fosse demasiadamente louca! Seus amigos não podiam acreditar em suas palavras, era tão bom mentiroso que a mentira saía de sua boca como verdade aos ouvidos dos crédulos. Mas ainda assim, tinha um séquito em sua volta. Gente que daria a sua vida pra ser tão descolado como ele.

Entrava e saía de cada roda social como um mestre sala. Fazia diferente de cada malandro carioca que achava inteligente ser burro. Ele não... queria ser mais que bom, o avesso de bom, mas com a ousadia que só os grandes possuem!

Leu de tudo que lhe vinha às mãos. Sabia quem escreveu Dom Quixote, conhecia a identidade secreta do Batman (e também dos três Robins que lhe passaram nas gerações que o personagem singrou), gostava de citar Shakespeare e Nietzsche só pra ver a reação da galera. Mas seu sonho de consumo era ser como Maquiavel e falar de cada podridão como quem fala da doçura da vida.
Leu livros ocultistas, achava graça das 'paradas' que Paulo Coelho escreveu e foi procurar no 'lado negro' algo que lhe fizesse bem. Bem?
Mesmo diante desse paradoxo, foi membro da 'Congregação de Satã' só pra ver 'qual era', sabe?

Mas acreditava que Darwin não observou a natureza direito, senão teria notado a perfeição por detrás da loucura que o cientista acreditava existir. Mas igualmente não largava uma revista de nu, daquelas bem ‘chulés’, que fotografavam até a mãe de alguém e publicavam como gata do mês.

Alguém assim tão 'safo', tão descolado, não combinaria com tristeza alguma não?
Então você está completamente enganado. Sua vida era de uma tristeza atroz, que só passava com uma gargalhada genuína na roda de amigos, ou com um baseadinho pra dar ‘liberdade pra dentro da cabeça’ como vivia cantando seu irmão. Aprendeu violão pra tocar ‘coisas santas’, mas foi numa ‘Les Paul’ que descobriu o peso do Rock and Roll, tocando assim... sem muita técnica, com uma pegada suja, quase punk!

Foi numa 'viagem' (acho que sem drogas...), flertando com um blues, que chorou pela primeira vez na minha frente. O constrangimento me tomou e só pude chorar com ele, pois não sabia o que fazer, o que dizer, nem mesmo se poderia abraçá-lo sem sentir repulsa de mim mesmo!

Hoje, com quase quarenta e pouca grana no bolso, ele reavalia sua vida sob o prisma do remorso.
Casou-se com boa moça mais de uma década atrás, quase tão perturbada quanto ele (claro, oras...), mas com seus próprios demônios pra exorcizar, não conseguia dar o afeto que ela merecia e queria; por sua vez, imaginava que amor era coisa de livros de poetas mortos.

Seus muleques lhe nasceram de passagem, nem bem os notou! A vida era tão intensa com suas prioridades que fez de seus filhos coisa que seus pais fizeram dele.

Seu casamento já tava pra lá de Bagdá quando decidiu dar uma guinada, um 360 na vida. Talvez tivesse sacado que não era a melhor coisa a fazer se notasse quem um 360 é apenas uma volta em torno do próprio eixo, voltando sempre ao mesmo lugar de partida.
Mais uma vez enganou as crianças, sua companheira e principalmente a si mesmo.

Juntou forças, parou de beber, deixou de dar um ‘tapinha no maldito’, não mais passava noites em claro, e se o fazia, era com consentimento da esposa (pegou?). Descolou trabalho de gente, e até começou a frequentar de novo uma igreja. De novo? Claro, onde você acha que aprendeu a tocar o violão pra executar as 'músicas sacras'? Na igreja!

Quando tudo parecia legal, normal, e quando sua mulher estava prestes a testemunhar do milagre da regeneração desse doido, apaixonou-se por alguém, quase sem querer, mas laçou-se contra tudo e todos nessa empreitada.
Talvez os poetas mortos não estivessem assim tão errados...

Achava que o amor que sentira agora era ainda maior do que o sentimento que nutria pelas coisas mais legais da vida. Não sabia se aquela 'parada' era sonho ou realidade, se era 'viagem' ou estava ‘careta’. A verdade é que ele não poderia acreditar que o amor lhe pegara de jeito.

Amor? Como saber se era amor já que ele nunca havia sentido isso de fato por alguém?
Depois de ano e meio, lutando pra não dar mole pro azar, começou a decair e se isolar. Pensou que aquele ‘amor’ não duraria pra sempre.
Certeza num tinha, mas assim raciocinou:
Quem quer estar pra sempre ao lado de alguém que não pode definir sua vida?
Quem quer ficar pra sempre vivendo uma mentira?

Hoje cata seus farrapos e costura numa manta de retalhos, tentando juntar as poucas alegrias, com as coisas que lhe surgiram de surpresa.  Mas ainda flerta com o perigo que é ser homem, ser carne e dar a cara à tapas.

Pede a Deus que seus pecados sejam perdoados, mas quem crê que ele se reabilitou, pode tirar o eqüino do temporal. Ele quer é que de novo, e de novo algo de bom aconteça, afinal, sua vida não funciona com outro sentimento senão a adrenalina!

Que pena Zé...Quem sabe seu futuro poderia ser diferente de seu passado!

Wendel Bernardes.



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